Entenda como a Cannabis medicinal pode auxiliar no tratamento dos sintomas da Doença de Parkinson

Nesta sexta-feira, dia 11/04, comemoramos o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. Conhecida por afetar cerca de 1% da população idosa, a Doença de Parkinson é a segunda enfermidade neurodegenerativa mais comum no mundo. Ainda sem cura, a condição impõe desafios diários a milhões de pessoas e suas famílias.

Datas como essa impulsionam o debate sobre terapias alternativas e complementares, como o uso da Cannabis medicinal, reunindo médicos, pesquisadores, pacientes e legisladores na busca por soluções que promovam não apenas o alívio dos sintomas, mas também mais qualidade de vida.

Como o Parkinson afeta o sistema nervoso

O médico generalista Jean Carlos Vanelli, pós-graduado em medicina endocanabinoide, explica que “a Doença de Parkinson afeta neurônios em áreas específicas do sistema nervoso central, essenciais para a função motora, causando a morte de células dopaminérgicas e gerando neuroinflamação”.

Apesar de tratamentos convencionais como a Levodopa serem amplamente utilizados para aliviar sintomas motores, seu uso prolongado pode levar a efeitos colaterais severos, como a discinesia induzida — uma série de movimentos involuntários que comprometem a autonomia do paciente. “A Levodopa é um tratamento efetivo, mas ao longo do tempo pode provocar efeitos adversos significativos”, reforça Vanelli, apontando a urgência de novas abordagens terapêuticas.

O potencial da Cannabis medicinal no alívio dos sintomas

Nesse contexto, a Cannabis medicinal tem se destacado como uma possibilidade promissora. Fitocanabinoides como o CBD (Canabidiol) e o THC têm demonstrado potencial na redução da neuroinflamação e do estresse oxidativo no sistema nervoso central, atuando como aliados no manejo de sintomas como tremores, rigidez muscular, distúrbios do sono, ansiedade e dores crônicas. “Não se trata de uma cura para o Parkinson, mas de uma terapia adjuvante que visa ampliar o bem-estar do paciente”, pontua Vanelli.

Além do CBD e do THC (Tetrahidrocanabinol), a planta Cannabis sativa contém terpenos, flavonoides e outros canabinoides menores que, em sinergia, produzem o chamado “efeito entourage”. “Essa interação entre compostos potencializa os efeitos terapêuticos, tornando o óleo full spectrum mais eficaz do que uma substância isolada”, explica o médico.

Suplicy traz luz ao debate

A relevância da pauta também reverbera fora dos consultórios médicos. O deputado estadual Eduardo Suplicy, após ser diagnosticado com Parkinson, tornou-se paciente e defensor ativo do uso da Cannabis medicinal.Em declarações públicas, Suplicy compartilhou como o tratamento à base da planta impactou positivamente sua rotina, auxiliando no controle dos sintomas e reduzindo os efeitos colaterais de terapias tradicionais. “Diminuiu o tremor nas mãos, a dor muscular sumiu e tenho estado muito bem disposto”, revelou o deputado em entrevista ao portal Cannabis e Saúde.

Sua postura transparente e acolhedora ajuda a combater o estigma que ainda envolve essa abordagem terapêutica e escancara a urgência de políticas públicas que regulamentem, incentivem e tornem acessível a pesquisa e o uso da Cannabis medicinal no Brasil. Na mesma entrevista, destacou: “Estou tomando a Cannabis para que, assim, mais e mais pessoas possam ter acesso a ela”.

Desafios para o uso seguro da Cannabis medicinal

Outro fator que torna esse debate ainda mais relevante é a ausência, até hoje, de medicamentos capazes de interromper o avanço da doença. Enquanto a cura permanece distante, qualquer alternativa segura que contribua para a preservação da autonomia, da dignidade e do bem-estar dos pacientes deve ser considerada com seriedade.

Ainda assim, o caminho da Cannabis medicinal enfrenta entraves importantes — desde barreiras regulatórias e preconceitos históricos até a carência de estudos clínicos de larga escala que confirmem, de forma robusta, os efeitos observados em pesquisas preliminares e relatos de caso.

Esperança que exige ação

Diante disso, a mensagem que marca este Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson é, ao mesmo tempo, de esperança e de compromisso coletivo. Esperança, porque a Cannabis medicinal, com sua complexa interação de compostos ativos, abre novas perspectivas no alívio dos sintomas e na promoção de uma vida mais confortável e funcional para os pacientes. Compromisso, porque essa esperança só se torna realidade quando sustentada por ações concretas: é preciso fomentar a pesquisa científica de qualidade, formar profissionais capacitados para prescrição e acompanhamento, e construir políticas públicas inclusivas e baseadas em evidências.

É apenas por meio desse esforço conjunto — entre comunidade médica, pesquisadores, pacientes, lideranças políticas e sociedade civil — que poderemos garantir que as vozes de quem vive com o Parkinson sejam ouvidas, que as inovações terapêuticas sejam avaliadas com seriedade e que o acesso à saúde integral, digna e humanizada não seja um privilégio, mas um direito efetivo.

Published On: Abril 11th, 2025 / Categories: Notícias / Tags: /