Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, revelou a eficácia do canabidiol (CBD) e do cânhamo no combate ao mosquito Aedes aegypti, conhecido por ser o principal transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e Zika.
Para a pesquisa, plantas de cânhamo da variedade Tango Kush foram cultivadas em estufa por sete meses. As folhas secas foram moídas e, posteriormente, 150 gramas do pó resultante foram misturados a quatro litros de metanol por três semanas, com o objetivo de extrair os compostos.
As larvas do mosquito foram obtidas a partir de ovos fornecidos por centros de controle de doenças, utilizando duas cepas diferentes: uma suscetível e outra resistente a inseticidas.
Mosquitos morreram em 48 horas
Os testes para verificar a eficácia dos extratos de cânhamo e dos compostos foram realizados em placas, seguindo normas padronizadas, e a mortalidade das larvas foi observada 48 horas após o início dos experimentos.
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente para determinar a concentração necessária para matar 50% das larvas.
Os resultados demonstraram que, em apenas 48 horas, os extratos de cânhamo exterminaram 100% das larvas das duas cepas do Aedes aegypti.
Potencial de larvicida
O CBD puro também apresentou resultados expressivos, com efeitos semelhantes aos do extrato completo na eliminação das larvas. Testes adicionais indicaram que o CBD era o principal responsável pela toxicidade observada nos extratos.
Diante disso, o estudo sugere que o cânhamo e o CBD têm grande potencial para o desenvolvimento de novos larvicidas.
“Os mosquitos estão entre os animais mais letais do planeta, principalmente por transmitirem doenças na fase adulta. Por isso, é crucial controlá-los enquanto ainda são larvas, quando estão mais vulneráveis”, explicou Erick Martinez Rodriguez, pesquisador principal do estudo, ao Ohio State News.
A dengue no Brasil
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que, de janeiro a setembro de 2024, o Brasil registrou 6.529.520 casos prováveis de dengue, com 5.428 mortes confirmadas e outras 1.766 sob investigação. O coeficiente de incidência da doença no país é de 3.215,5 casos por 100 mil habitantes. A pasta também orienta a população a eliminar possíveis focos de água parada, que servem de criadouros para o Aedes aegypti.
Os cientistas destacaram que apenas uma variedade de cânhamo foi utilizada, e que futuras pesquisas devem explorar outras variedades para identificar novos compostos ativos, além do CBD, que possam contribuir para a criação de biopesticidas mais eficazes.