Anandamida
A anandamida, também conhecida como araquidoniletanolamina, é uma substância endógena (produzida pelo corpo humano) assim como a serotonina, endorfina e dopamina. Esse ácido graxo é um dos neurotransmissores fundamentais para o bom funcionamento do sistema endocanabinoide, composto por uma vasta rede de receptores celulares, cuja função é manter o corpo em homeostase, ou seja, em equilíbrio interno.
Canabidiol (CBD)
CBD, ou canabidiol, é o principal e mais estudado canabinoide não psicotrópico (drogas que atuam no cérebro) encontrado na cannabis. A substância extraída da planta atua no sistema nervoso central do corpo e tem sido indicada para uma série de patologias por reunir propriedades antiepiléptica, anti-inflamatória, antiemética (controle de vômito e náuseas), relaxante muscular, ansiolítica (remédios para distúrbios mentais), neuroprotetora e até antipsicótica, que reduz ou estabiliza os efeitos psicoativos do THC (tetraidrocanabinol). O THC é outra substância presente na cannabis responsável pelos efeitos de quem busca o uso recreativo da planta. Entretanto com indicações clínicas para determinadas patologias. No Brasil, os medicamentos com CBD podem ter em sua composição até 0,3% de THC. Para efeitos de comparação, a maconha, na sua forma fumada, pode concentrar até 30% de THC.
Estudos clínicos e pesquisas científicas têm comprovado que o CBD apresenta grande potencial terapêutico para o tratamento de doenças psiquiátricas e neurodegenerativas, principalmente, como esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson, epilepsia, autismo e ansiedade, por exemplo. Comercializado em formato de óleo, gomas, vaporizadores, spray nasal, cápsulas e pomadas, estudos clínicos indicam que o CBD também tem sido eficaz no controle de doenças que causam dor crônica como a fibromialgia, em tumores cancerígenos, em casos de insônia, enxaqueca, anorexia e até obesidade.
Canabinoides
O termo canabinoide possui significados diferentes. No sentido mais amplo, são substâncias produzidas tanto pelo reino animal, como pelo reino vegetal com a função de equilíbrio e proteção do organismo celular. Em um sentido mais restrito, a palavra também tem sido usada para designar os canabinóides naturais da planta da cannabis medicinal. Os ligantes endógenos (neurotransmissores produzidos pelo próprio corpo) dos receptores canabinóides foram denominados endocanabinóides.
Cânhamo
O cânhamo é uma planta com flores masculinas e femininas que se desenvolve de forma separada. Dependendo da concentração de THC e CBD, o cânhamo pode ser dividido em tipos de fibras e medicamentos. Existem diferenças regionais no emprego dos termos cannabis, cânhamo e maconha. Nos EUA e Canadá, por exemplo, o termo “cânhamo” geralmente é usado para definir a fibra da planta com insignificantes concentrações de THC. Já na Europa, o termo pode indicar, em algumas regiões, subtipos da cannabis com o princípio psicoativo da planta.
Cannabis
Cannabis é uma das mais antigas plantas domesticadas pelo homem. Originária da Ásia Central possui extrema adaptação no que se refere ao clima, altitude e solo. O gênero de angiospermas inclui três variedades diferentes: cannabis sativa, cannabis indica e cannabis ruderalis e tem em sua família plantas como a maconha (com concentrações de até 30% de THC – usado para fins recreativos e medicinais) e cânhamo (até 0,3% de THC – destinado para uso industrial e também medicamentoso).
Efeito entourage ou comitiva
Efeito entourage ou comitiva é conhecido como a combinação dos compostos químicos da cannabis (incluindo todos os canabinoides, THC, terpenos, flavonoides, entre outras substâncias) que juntos trazem mais benefícios no tratamento de algumas patologias do que se fossem usados de forma isolada. Pesquisas indicam que o extrato completo da cannabis pode ser mais eficaz do que o uso de canabinoides isolados ou sintetizados em laboratório. A associação das duas principais substâncias com propriedades fitofármacas da planta, que é o THC e o CBD, auxilia na redução de potenciais efeitos colaterais do THC. Por outro lado, extratos com THC auxiliam na redução da dose média diária necessária nos tratamentos à base de CBD.
Endocanabinoides
Os neurotransmissores ou ligantes endógenos (produzidos pelo organismo humano e animal) dos receptores canabinoides CB1 e CB2 são chamados de endocanabinoides. Alguns exemplos: araquidoniletanolamina (anandamida), 2-araquidonilglicerol (2-AG), palmitoil-etanolamida, 2-araquidonilgliceril éter (noladin éter), araquidoniletanolamina (virodhamina) e M-araquidonoil-dopamina (NADA).
Endógeno
Algo que é produzido pelo corpo, não fornecido de fontes externas. Os canabinoides endógenos são chamadas de endocanabinoides.
Flavonoides
São compostos bioativos que possuem propriedades antioxidantes, antivirais, antibacterianas e anti-inflamatórias presentes em algumas plantas medicinais, frutas e vegetais. Além da cannabis, os flavonoides também podem ser encontrados em alimentos como o chá preto, o vinho tinto e o chocolate amargo, por exemplo. Como o corpo humano não produz essa substância, é importante manter uma alimentação saudável e equilibrada para garantir os benefícios dos flavonoides à saúde. O como ajudar a regular os níveis de colesterol, diminuir os sintomas associados à menopausa e diminuir o risco de desenvolver doenças crônicas.
Haxixe
Haxixe é um nome árabe dado à resina da cannabis ou glândulas de resina comprimida que pode conter até 30% de THC (substância psicoativa da cannabis).
Homeostase
Capacidade de o corpo de se manter em constância para que as funções químicas essenciais são sejam afetadas por fatores externos. Em outras palavras, o termo criado pelo médico e fisiologista americano, Walter Cannon, significa dizer que a homeostase é o processo de regulação corpórea que mantém o organismo em equilíbrio.
Ligantes
As moléculas (fármacos, hormônios e neurotransmissores) que se ligam ao receptor são denominadas ligantes. A ligação pode ser específica e reversível. Um ligante pode ativar ou inativar um receptor, podendo aumentar ou diminuir uma função celular particular. Cada ligante pode interagir com múltiplos subtipos de receptores. Os ligantes do receptor canabinoide são chamados de endocanabinoides.
Maconha
Maconha (marijuana) é um nome coloquial para folhas e flores secas de variedades da cannabis ricas em THC (1% a 30%) que são geralmente consumidas na forma fumada. A maconha disponível sob prescrição médica na Holanda, por exemplo, contém até 18% de THC.
Receptores canabinóides
Os receptores endocanabinoides estão distribuídos por todo o corpo: membranas celulares no cérebro, órgãos, tecidos conjuntivos, glândulas e células imunes. Em cada parte do organismo os receptores endocanabinoides executam funções diferentes, sempre voltadas ao equilíbrio interno, independentemente das variações externas, a chamada homeostase. Existem pelo menos dois tipos de receptores canabinoides no corpo humano: o receptor CB1 e o receptor CB2. Os receptores CB1 são encontrados em altas concentrações no cérebro e na medula espinhal, assim como em células e tecidos periféricos (neurônios, algumas glândulas endócrinas, leucócitos, baço, coração, parte do trato reprodutivo, urinário e gastrointestinal). Já os receptores CB2 estão concentrados nas células do sistema imunológico (leucócitos, baço e amígdalas) e também no cérebro.
Terpenos
São substâncias naturalmente produzidas por algumas plantas com a função de proteção, competição e até mesmo para fins de atração de polinizadores e dispersores. Como os terpenos são responsáveis pelo odor liberado pelas frutas e plantas, essas moléculas são largamente usadas na fabricação de óleos essenciais aromáticos. Além da cannabis, frutas cítricas, frutas vermelhas, hortelã, manjericão e pinho, por exemplo, também exalam o terpeno.
Tetrahidrocanabinol (THC)
Tetrahidrocanabinol (THC, Δ9-THC, Δ9-Tetrahidrocanabinol, delta-9-tetrahidrocanabinol) é a principal substância psicoativa da cannabis que atua diretamente no cérebro. A molécula, que produz os efeitos desejado do uso adulto ou recreativo, pode ser extraída tanto da planta, como sintetizada (produzida) em laboratório.
O THC foi isolado pela primeira vez em 1964 pelo professor Raphael Mechoulam, da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel) e os cientistas Yechiel Gaoni e Habib Edery. O composto ainda é visto com restrição entre a classe médica, porque pode desencadear episódios de psicose (para quem tem predisposição para apresentar o distúrbio). Entretanto, o THC, em pequenas doses, tem sido indicado para tratar diversas patologias por proporcionar efeitos de relaxamento muscular e anti-inflamatórios. Dentre os benefícios já comprovados pela ciência com o uso do THC, inclusive associado ao CDB (efeito entourage), estão os efeitos anticonvulsivos, anti-inflamatórios, antidepressivos e anti-hipertensivos. O THC também tem sido prescrito como analgésico e no tratamento para aumentar o apetite.
