Pesquisa com mais de 900 homens não identificou redução de espermatozóides
Durante décadas, a relação entre o uso de Cannabis e a fertilidade masculina foi cercada por especulações e controvérsias. Estudos laboratoriais iniciais, realizados principalmente em animais ou com pequenas amostras humanas, sugeriram que compostos da planta poderiam interferir na produção de espermatozóides e comprometer a qualidade do sêmen.
No entanto, pesquisas mais recentes, com metodologias mais robustas, vêm desafiando essa hipótese, apontando para resultados menos alarmantes — como demonstrou o novo estudo realizado pelo projeto norte-americano PRESTO (Pregnancy Study Online).
A pesquisa, conduzida com 921 homens, concluiu que o consumo recente de Cannabis não está significativamente associado à redução dos parâmetros seminais avaliados.
O estudo analisou 1.654 amostras de sêmen coletadas de forma remota pelos participantes, que também responderam a questionários sobre o uso de Cannabis nos dois meses anteriores à coleta. Dos participantes, 22,6% relataram uso atual de Cannabis, enquanto 3,3% afirmaram consumir diariamente.
Parâmetros utilizados
Os pesquisadores avaliaram cinco indicadores principais: volume seminal, concentração espermática, contagem total de espermatozoides, motilidade e contagem total de espermatozoides móveis.
Após ajustes para fatores como idade, índice de massa corporal, tabagismo e frequência sexual, os resultados mostraram que as diferenças entre usuários e não usuários foram pequenas e estatisticamente imprecisas.
Por exemplo, entre os usuários de Cannabis, houve uma redução média de apenas 3,2% no volume seminal e um aumento de 3,5% na concentração de espermatozoides, mas ambos os resultados não foram considerados clinicamente significativos.
Ademais, o uso semanal ou mais frequente de Cannabis apresentou uma razão de risco (RR) de 2,16 para baixo volume seminal, porém, com intervalo de confiança amplo, indicando uma associação estatisticamente inconclusiva.
O médico ortopedista e estudioso da Cannabis, Dr. Jimmy Fardin (CRM/BA 31800 e RQE 15562), comenta que “alguns estudos sugerem que os efeitos da Cannabis na fertilidade masculina podem ser dose-dependentes, com o uso crônico e intensivo — principalmente fumado ou vaporizado — levando a impactos mais significativos.”

Dr. Jimmy Fardin, estudioso da medicina endocanabinoide
Fardin afirma que “Os efeitos sexuais são dependentes da dose, com doses mais baixas servindo como estímulo e doses mais altas fornecendo uma barreira ao bem-estar sexual masculino.”
Frequência de uso não compromete sêmen
Um dos pontos mais importantes destacados pelos autores foi a ausência de uma relação monotônica — ou seja, linear e consistente — entre a frequência de uso de Cannabis e a piora da qualidade seminal.
Isso significa que mesmo entre os usuários mais frequentes, não foi possível identificar um padrão claro de prejuízo na qualidade do sêmen que pudesse ser atribuído exclusivamente ao uso de Cannabis.
“No geral, não pareceu haver uma relação significativa entre o consumo de Cannabis a longo prazo e os hormônios do eixo HPG nos estudos clínicos, embora dois estudos com amostras pequenas tenham relatado níveis mais baixos de testosterona e LH em usuários de longa data.” reforça Dr. Jimmy Fardin.
Ele acrescenta que, além dos aspectos hormonais, também foram avaliadas questões relacionadas à função sexual. “Em termos de libido e experiência sexual, quase todos os estudos clínicos foram baseados em questionários subjetivos. Um estudo constatou que a pontuação média do Índice Internacional de Função Erétil (IIEF) em usuários de Cannabis não foi significativamente diferente da dos controles.”
Implicações para a saúde reprodutiva
Embora os resultados sugiram que o uso recente de Cannabis não prejudica de forma significativa a qualidade do sêmen, os autores ressaltam que a pesquisa não avalia todos os aspectos da fertilidade masculina, tampouco os efeitos de longo prazo ou relacionados a usos mais intensivos ao longo da vida.
Além disso, recomendam que profissionais de saúde continuem orientando casais que desejam engravidar sobre hábitos saudáveis e fatores que comprovadamente impactam a fertilidade, como obesidade, consumo excessivo de álcool e tabagismo.
Cannabis e fertilidade: um tema que segue em debate
Este estudo fortalece a compreensão de que o consumo moderado de Cannabis, especialmente quando recente, não impacta significativamente a qualidade do sêmen.
Contudo, especialistas alertam que a fertilidade é um fenômeno multifatorial e que mais estudos são necessários para avaliar possíveis efeitos cumulativos ou de longo prazo.
Por fim, Dr. Jimmy Fardin, conclui “mais pesquisas são necessárias para compreender completamente a complexa relação entre Cannabis e fertilidade masculina, particularmente estudos de longo prazo e estudos com amostras maiores.”
Assim, embora mais estudos sejam essenciais para esclarecer efeitos de longo prazo, o trabalho reforça que, até o momento, não há evidências sólidas que justifiquem o medo generalizado sobre a relação entre o uso de Cannabis e a infertilidade masculina.
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