Pesquisa no Canadá revela que 92% da Cannabis ilícita analisada contêm pesticidas contra 6% das amostras licenciadas
Uma pesquisa realizada pela Health Canada – órgão que regulamenta contaminantes microbianos, químicos e pesticidas – revela níveis alarmantes de agrotóxicos em amostras de Cannabis comercializadas ilegalmente naquele país.
Apesar de a maconha estar legalizada no Canadá desde 2018, dados do Canadian Cannabis Survey 2021, demonstram que 13% dos que relataram consumir a erva, ainda fazem de forma quase que, exclusivamente, ilícita.
O estudo, publicado em agosto de 2023 – no Journal Cannabis Research – tinha como objetivo confirmar se a implementação da chamada Lei da Cannabis (2018) está fornecendo produtos licenciados mais seguros aos canadenses em comparação aos do mercado ilícito.
E o resultado desse levantamento demonstrou que a regulamentação traz mais segurança, tanto para o paciente, como para quem deseja fazer o uso adulto da planta, com redução de danos e sem correr risco.
Amostra analisada
No total, foram analisadas 60 amostras licenciadas e ilícitas de Cannabis. Com a proposta de obter o resultado mais realista possível, os pesquisadores buscaram amostras reais que circularam no mercado canadense em diferentes partes do país em 2021.
As 36 amostras licenciadas foram adquiridas pelos pesquisadores na Ontario Cannabis Store (Ontário, Canadá) a partir cultivos licenciados localizados em todas as cinco regiões do país Colúmbia Britânica, Pradarias, Ontário, Quebec e Atlântico.
Já as 24 amostras ilícitas vieram das apreensões policiais de todo o país, submetidas à testes laboratoriais pela Health Canada, antes de iniciar as análises.
Método
Os pesquisadores escolheram o método de multirresíduo para detectar possíveis vestígios de 327 pesticidas e a concentração dessas substâncias no material coletado.
6% das amostras licenciadas apresentaram pesticidas
Das 36 análises de amostras licenciadas, apenas 2 continham resíduos de pesticidas no nível calibrado mais baixo.
O resultado representa uma taxa de positividade para defensivos de 6% no caso da Cannabis legal analisada.
92% das amostras ilegais apresentaram pesticidas
Por outro lado, nas amostras ilícitas, o contraste chamou a atenção dos pesquisadores: em 92% delas havia a presença de defensivos, cobrindo 23 ingredientes ativos de pesticidas únicos.
Em média, cada amostra de Cannabis ilegal analisada testou positivo para 3,7 pesticidas diferentes identificados.
Uma das propostas da análise era identificar se o uso de pesticidas não registrados ainda prevalece no mercado licenciado e na Cannabis ilícita de origem ilegal.
Desde janeiro de 2019, a indústria da Cannabis no Canadá precisa apresentar testes obrigatórios para garantir a ausência de 96 ingredientes ativos de pesticidas não autorizados nas produções.
Essa é mais uma previsão da legislação canadense: estabelecer regulamentos e boas práticas para garantir a segurança e a credibilidade da indústria da Cannabis no país.
O agrotóxico no mundo
Números da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas todos os anos e ainda são responsáveis por causar mais de sete milhões de casos de doenças agudas e crônicas e óbitos relativos ao manejo e exposição aos defensivos agrícolas.
Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Conclusão
Ao fim da pesquisa, os cientistas avaliaram que é importante implantar métodos extensivos de múltiplos resíduos que sejam capazes de analisar centenas de pesticidas simultaneamente.
Essa foi a primeira vez que um método extensivo, capaz de identificar múltiplos resíduos de pesticidas, comparou amostras de Cannabis licenciadas e ilícitas.
A ideia é que essas análises possam gerar dados para auxiliar futuras decisões políticas e regulamentares a fim de garantir produtos livres de contaminação no mercado canadense.
Conclusão identificou que a entrada em vigor da Lei da Cannabis (Lei da Cannabis de 2018 ) e seus Regulamentos (Regulamentos da Cannabis de 2018 ) visa padronizar e impor consistência, saúde e segurança em toda a indústria legal de Cannabis do Canadá.
Pesquisa disponível em:
https://jcannabisresearch.biomedcentral.com/articles/10.1186/s42238-023-00200-0